quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Cabo Guilair:todo covarde se esconde atrás da autoridade (para o rei da blitz)

O mau-caratismo não brota de hora pra outra feito tiririca em horta abandonada. O caráter carunchado tem certidão de nascimento e história pra contar. Guilair brotou da babaca de uma mãe solteira que abrira as penas pra um camumbembe que conheceu na feira de São Cristovão. Passado o folguedo, o paraíba sumiu no mundo. A mulher jamais revelou o nome de seu sócio naquela falida empresa humana. Com cinco anos existência, Guilair foi deixado na casa de uns parentes. A mãe desapareceu. Dinha Socorro pegou o menino pra criar. Criou o menino feito um bicho, feito um porco estimado. Acorrentado ao pé da mesa da cozinha. O moleque Guigui era intimado a lavar a louça. O grude de fubá ficava numa tigela embaixo da mesa. A madrinha dizia que aquilo era pro bem dele; pra não ficar na vagabundagem da rua enquanto ela estava na lida. O cãozinho xodó também comia do angu; da mesma tigela de Guigui. Muito educado, xodó deixava o menino se servir primeiro. Com o tempo, o estimado cachorro passou a ser o primeiro comensal. Taludinho, Gui começou a fazer pequenas tarefas pela vizinhança. Podava os gramados, lavava os carros, Carregavas as sacolas para as donas-de-casa. Escondia uns caraminguás pra si e entregava o grosso da féria para a madrinha somítica. Na semana que completou 16 anos, o seu melhor amigo já cego, manco e de faro ruim bateu as patas. Dinha mandou enrolar o defunto em sacos plásticos e atirá-lo na caçamba do lixo. O moleque disse que não.Melhor era enterrar no quintal e por uma cruz de madeira, uma cruz em que as ripas lembrassem um osso. Malucou, moleque! Parece um retardado! Mania de achar que bicho é gente. O meu quintal não é cemitério de cachorro! Bicho não é gente?! Xodó era melhor pessoa que tu, sua bruxa! Ingrato! Dinha tentou acertá-lo com a vassoura. Guilair se esquivou, adentrou a cozinha. Agarrou-se ao pote das economias e fugiu de casa com a roupa do corpo. Ficou uns tempos vagando pelos quintais e condomínios em que prestava serviço. Até que uma dona que era enfermeira e tinha fissura por gatos – seu apartamento de dois quartos abrigava 14 felinos – decidiu acolher o garoto. Aquela gataria; a tempestade de cotões de pêlos, a inhaca de merda, aqueles miados... Fora a quase obrigatoriedade de ter que copular com a dona que não tinha zelo com a casa e não tinha asseio com o corpo que tornavam a vida do rapaz um calvário. Acordava cedo para fazer os biscates. À noite tomava banho no posto de gasolina e ia para o supletivo. Postergava o máximo para retornar pra casa. A dona dos gatos sofria com a toxoplasmose muito avançada. Dores de cabeça terríveis, lacunas de memória... meningoencefalite, disse o médico. A moribunda pediu que Gulair olhasse pelos gatos. Eram seus únicos herdeiros. Guilair chegou na casa. Encheu o tanque com água. Pegou um bichano de cada vez e pôs na gaiola de passeio. Afundou primeiro Alain Delon (todos tinham nomes de artistas do cinema). Só trazia a jaula para a superfície bem depois que o bicho parava de se debater. Enrolava a carcaça num saco preto de lixo e partia para outro. E fez assim 13 vezes. Com Marcelo Mastroianni, fez diferente. Agarrou o gato pelo cangote e o arremessou com a força que tinha pela janela do quarto andar. Gastando seis vidas, o gato foi de encontro a murada do prédio em frente e usou das garras para fazer a queda mais suave. Caiu de pé sobre a caçamba de lixo e desapareceu na escuridão. Guilair ficou arrependido de não tê-lo afogado como os outros.
*
Cabo Guilair Souza. Cabo Souza. Exemplo de disciplina e companheirismo dentro da corporação. Durante o curso de formação, passara muitos e péssimos bocados. Recebia missões inglórias como engraxar todos os coturnos chulerentos de seus superiores. Esgravatou o solado de muitas botinas, retirando todo tipo de imundície. Quando lhe designaram a incumbência de faxinar os canis, Guilair sorriu por dentro. Amava os cães. Tinha por aqueles animais uma afeição que jamais sentira por pessoa alguma. Os canis que fediam a excremento não importunavam as narinas do destemido soldado, pois seu olfato tinha sido calejado pela fedentina que exalava dos bichanos de nomes importantes. Os superiores passaram a admirar o zelo, a competência, a obstinação e o silêncio de Guilair. Pela primeira vez, ele reconheceu respeito. Fizera de seu batalhão um simulacro de família. Os uniformes, os jargões, as piadas, os reclames e os interesses transformaram a Polícia Militar no convívio social de Guilair. Nos dias de folga, trancava-se em casa com seus filmes de Charles Bronson e com romances policiais lidos e relidos. Quando sua folga coincidia com o sábado, raptava um gato vira-balde e o levava para o canil da PM. Soltava dois pastores e tirava o bichinho da sacola. Num aperreio tremendo, o gato escalava a árvore mais próxima fugindo de seus algozes. Cabo Guilair munia-se de pedras e cacos de telha. O felino sofria com os projéteis até despencar. Os cães então destroçavam a presa sob os olhos satisfeitos do policial.
Durantes as operações, blindado com a carapaça da autoridade, acompanhado de seu irmão de farda, via os civis como seus inimigos, frágeis inimigos. Mandava encostar, escaneava a alma do tipo até que ele desviasse o olhar. Se estivesse no erro: documento do carro atrasado, falta de documentação, perninha de grilo, cheiro de cachaça, cara de favelado e até o medo, o homem da lei atuava com muito rigor. O cabo Guilair não se interessava em cumprir a Lei. A sua única obediência era devida à sua vontade, o “tirar vantagem”. Se não tivesse caraminguá pra perder, tinha de perder alguma coisa, a alma, a dignidade. Decifrava a o cidadão pra não meter a mão em vespeiro. Quando sacava que o sujeito era um bunda rachada, pronto. Começava a moer o espírito do coitado. Gritos, ameaças, tapa na cara, cusparada. Já mandou a mina de um molecote abusado tirar a calcinha pra verificar se não tinha droga malocada. Bateu em travestis, quebrou os destes de um traveco que levantou a voz. Travesti não era gente. Um professor teve a infelicidade de topar com Cabo Guilair no alto da madruga. Errado nos documentos e sem ter nada de valor para perder, o policial e seu comparsa da vez fizeram o mestre tirar três pneus carecas do carro só pelo prazer de castigá-lo por não estar quite com a lei de trânsito e por não ter vintém para molhar a mão de ninguém.
*
Cavalo tá sempre de pé, mas também dorme. Guilair se sentia policial em tempo integral, mas era obrigado a andar desfardado, a rodar em seu carro de passeio guinchado num B.O, a passear sem a companhia de um superior ou de um comparsa. No que a gente não vê é que mora o perigo. Estava no Bar 25 horas a mando de um miliciano graúdo para recolher a parte que lhe cabia do latrofúndio, queria sua fatia da mumunha. Ouviu uma freada brusca e viu Uno que se chocava na traseira de seu automóvel. Virou o chope e foi pra fora para as satisfações. Saiu da Fiat um sujeito negro, alto, magro e com as costas largas que tinha o feitio duma pipa. Circundou os veículos para ter noção do seu prejuízo, No vidro de trás da Uno, tinha um adesivo: NEGRO GATO – CAPOEIRA E DANÇA .
“É. Tu me fodeu as lanternas e amassou meu pára-choque. Tem seguro?” Disse encarando o sujeito que não lhe desviou olhar, não se deixou ser escaneado, não revelou pedaço da alma. “Isso não teria acontecido se o seu carro não estivesse estacionado a dois metros e meio da esquina. Não tenho seguro. Cada qual que segure a sua pemba.” “Como!? Cara, tu bateu na minha traseira! Tu sabe com quem tá falando?” “Não sei... Sei que meu nome é Reinaldo, sou instrutor de dança de salão e mestre de capoeira. Tenho academia própria.” Guilair olhou ao redor. Espectadores na porta do bar. Alguns passantes brecavam para entender o ocorrido. “Tu pode ser mestre da puta que o pariu, mas no prejuízo não vou ficar! Pode desembolsando... Guilair se lembrou que estava sem farda, que era dia, que não estava de serviço e que não havia comparsa a tira-colo. “Amigo, tenho pressa. Sou trabalhador. Segura o teu prejuízo que eu corro atrás do meu.” O sujeito deu as costas. Guilair não podia atirar na perna do crioulo na frente de tantos. Decidiu agarrá-lo pelo braço. Mestre Rei não pipocou, girou e aplicou um escorão na coxa do adversário. Guilair caiu de lado e já recebeu uma cotovelada no rosto. Ia levar a mão às costas pra puxar o berro quando tomou um martelo cruzado. Sentiu o peito do pé do inimigo queimar seus cornos. Ainda zonzo, foi ajudado pelos conhecidos do boteco. Com  dificuldade, viu o Fiat uno partir. Contrariando os conselhos, o gelo que lhe traziam e os demais cuidados, entrou no carro e seguiu para casa. Mirou-se no retrovisor e viu o rosto vermelhaço, o olho roxo. A vergonha doía mais que os ferimentos. Ele que sempre esculachara na calada da noite, sem testemunhas, foi porrado e humilhado na frente de muitos. Adentrou o pequeno apê, herança da namorada adoradora dos gatos. Chorou e rememorou o cãozinho xodó, melhor amigo, salvador de sua infância. Não havia mais ninguém para lamber suas feridas.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

MAGISTRÍCIO


Andava num misto de estresse e desânimo. Aquele cotidiano massificante exigia-lhe vigor, atenção... Seria “estresse” a melhor palavra? Não sabia. Pensou nos colegas de profissão de cem anos passados. Como eles chamariam isso, afinal? Com certeza não usavam a palavra “estresse” porque era algo que ainda não existia. Havia muitos recursos que lhes impediam o aborrecimento. Entretanto, pensar em tais resoluções agora é um absurdo, daria processo e até prisão. Era difícil ser professor.
Entrou em sala. A algazarra de sempre. Daniel Dumont estava em pé sobre a mesa dançando e cantando “é sirizada é sussessagem comigo fazendo / oi oi oi”. Meia dúzia de meninas, Marluce, Vera Dias, Fernanda, Bianca e umas irmãs gêmeas de sobrenome russo batiam palmas. O restante da classe também tocava o zaralho, cada qual a seu modo.
“Bom dia, gente! Vamos sentando, para que possamos dar início à nossa aula.”
Sentavam-se, mas o alarido continuava. Orlando, um bagunceiro contumaz, que tinha notas péssimas na disciplina, berrou:
“Posso ir no banheiro, professor?”
“Não, você poderia ter ido durante o intervalo. Agora, só no próximo tempo.”
“Ihhh... Qual é, professor? Deixa aí, tô apertadão?”
“Não!”
Orlando se afastou encarando o professor de fisionomia contraída e assim passaria toda a aula.
Teve de relutar muito até conseguir fazer os alunos mais exaltados se acalmarem. Alunos que se tornavam cantores, piadistas, transeuntes, inimigos... tudo, menos estudantes. Fazendo a chamada teve de dar ainda dois ou três gritos. Levantou-se, pegou um toco de giz e começou a escrever no quadro negro. O falatório recomeçou. De costas para a turma o professor sentia-se indefeso. Tinha medo de ser alvejado por alguma bolinha de papel ou dardo venenoso. Afinal, os terrorismos eram muitos: goma de mascar na cadeira, caricaturas ofensivas no quadro, frases difamatórias nas paredes dos banheiros. Tudo isso só porque escolhera essa profissão de professor de português e insistia em ensinar. Os adolescentes já não estavam mais interessados a aprender nada daquilo que a escola apregoava. O mundo das gordas mesadas não necessitava daqueles conhecimentos; aqueles jovens reinavam em um lugar repleto de facilidades e conforto. Definitivamente, não sabiam a utilidade de estar dentro de uma sala de aula, pois diante das baladas, namorinhos, bebedeiras e bate-papos virtuais, a escola nada mais era do que mera imposição dos pais, uma condição para continuarem levando suas vidinhas fáceis e irresponsáveis.


Depois de colocar os tópicos no quadro negro, professor Azeredo ou “Azedo” – como os alunos gostavam de chamá-lo – iria dar início a uma rápida abordagem teórica. Boa parte das meninas copiava freneticamente, dando um colorido todo especial às folhas de fichário floridas com suas canetinhas perfumadas. Algumas conversavam com a colega mais próxima. Já os meninos, exceto os CDFs da turma, faziam de tudo menos silenciar e copiar o que estava no quadro. Jorge Godim fazia de sua esferográfica uma zarabatana, Daniel Brito jogava bolinhas de papel no ventilador, Cláudio Vidal batucava na carteira com uma empolgação tamanha que o fazia se esquecer de que estava em uma sala de aula.
“Cláudio, pare já com isso! Você não está em nenhum ensaio de escola de samba!”
“Qualé, ‘fessor?! Só falta um puxador porque passista já tem, ó... Mas essa daí só conseguiu sair no bloco do Enverga mas num Quebra, lá de Ramos, eh, eh!”
O garoto apontava para Lorena Quiroga, a mais saidinha da turma. A garota não pareceu se ressentir, sorriu e depois mostrou a língua para o “percursionista”


“Silêncio, gente! Silêncio! A aula de hoje é importante, nós vamos estudar os sinais de pontuação. Vamos descobrir para que servem e como usá-los ...”
A baderna continuava, Lorena agora fazia um coque com o auxílio do lápis. Cláudio mexia em alguma coisa embaixo da carteira. Havia cinco ou seis de alunos que copiavam o conteúdo do quadro. Mas, para o professor Azeredo, eles faziam aquilo por pena. Pena de um homem que estudou durante anos a fio, que participou de seminários sonolentos e tenebrosos, que leu de becharas a mattosos, que deu noites de sono em troca de horas de estudo, que tinha todo o cuidado de preparar as aulas, que nunca enrolava... Talvez fosse o talento... ou a falta dele. Ter o conhecimento e saber passá-lo à frente são coisas completamente distintas. Somente nas universidades, os professores antipáticos e sem carisma são tolerados, desde que esnobem e arrotem saberes. Do lado de cá do universo educacional brasileiro, o conhecimento pode ser de almanaque, desde que se tenha paciência e traquejo para lidar com esses humanóides.
“Fessor,  a sua careca eu chamo de calvice ou calvície?” – bradou Vidal, sentado na penúltima carteira da coluna ao lado da janela.
Azeredo levou a mão à cabeça e olhou para chão. Sentiu as gargalhadas como uma avalanche de escárnio e mal-dizer. Sentia-se um palhaço, um bufão maldito.
O professor ficou estático. A classe emudeceu a espera de uma resposta, de uma expulsão de sala, lição de moral ou coisa parecida. Azeredo recordou da época em que seus cabelos começaram a cair. O maior dos dramas de sua juventude perdida. Tentou todos os remédios, preparados, chás, mandingas e simpatias. Nada adiantou. A calvice/calvície comera-lhe os cabelos já aos vinte e um anos de idade.


 “Bem, meu caro aluno, disse o professor, quebrando o bastão de giz e se aproximando da extremidade esquerda do quadro, não se diz calvice, e sim calvície. Deveria saber disso, deveria conhecer a grafia correta dessa palavra. Mas, infelizmente, é exigir demais de sua cabecinha de camarão abduzido que transporta uma única idéia fixa de fumar maconha e encher a cara com essa beberagem chamada Gummy feita com a cachaça mais ordinária que sua mesadinha pode comprar.”
A sala ficou em polvorosa. Formou-se um coral em ihhhh. Cláudio, enrubescido olhava para os colegas como se procurasse algum contra-argumento. Soninha Alves, uma gordinha sardenta, tomou as dores:
“Que isso, professor?! Tá maluco?! Isso é maneira de tratar a gente? Nós vamos reclamar na direção porque o senhor é pago pra ensinar a gente e não pra ficar esculachando!”
“É, eu sou teu patrão! Meu pai paga teu salário!” – gritou Claúdio Vidal, batendo no peito.
Professor Azeredo sorriu:
“Ora, seu moleque insolente! Você está muito enganado! Se você pagasse meu salário, eu não precisaria vir aqui todos os dias, muito menos assumir tantas turmas. O que seu pai faz é contribuir para a receita da escola. E quanto a você dona Sônia, pode ir fazer queixa à diretora. O máximo que pode acontecer é minha demissão. Ganharei algumas milhas de indenização, montarei uma barraca de cachorro-quente em frente à escola e terei imenso prazer em contribuir com a sua dieta insalubre e para sua obesidade mórbida!”
A classe calou assustada. Soninha chorava. Cláudio encarava o professor como se quisesse matá-lo.  Orlando também chorava e soluçava. Debaixo de sua carteira formara-se uma poça. Ele realmente estava apertado.
Depois de ouvir promessas de vingança e mandar o aluno mijão para a secretaria, o professor conseguiu discorrer por quinze minutos sem se interrompido.
“Estão liberados . Podem ir embora.” – disse  o professor, enquanto apagava o quadro.


Os alunos deixaram a sala de aula mais do que depressa. Azeredo pensava em uma explicação razoável para dar à diretora. Deveria também escolher alguma outra atividade profissional já que sua carreira como professor naquela rede de ensino estava com os dias contados. Passada a raiva, reconhecia que tinha perdido o controle. Poderia ter mandado os alunos indisciplinados para a secretaria. Levariam uma advertência ou uma bronca, pelo menos, e voltariam mais calmos. Porém, já havia tomado essa atitude uma dúzia de vezes e as coordenadoras pedagógicas repetiam o mesmo discurso repleto de diminutivos e frases de efeito como “você precisa seduzir o aluno, professooooor”. E os mesmos incidentes voltariam a acontecer.
Juntou suas coisas, preparando-se para sair da sala, quando percebeu que não estava sozinho. César Duarte Ferreira, o melhor aluno da sala, aproximou-se com um livro na mão. Seu rosto coberto pela acne avançada e seu estrabismo acentuavam a feiura. Os óculos fundos de garrafa estavam remendados com fita adesiva.
“Professor.”
“Pois não, César.”
“Eu tenho uma pergunta.”
“Então, pergunte.”
“Gostaria de saber as razões linguísticas, políticas e sociais que causaram transformações na Língua Portuguesa.”
“Só isso?”
“Não. Também gostaria de saber por que não faço sucesso com as garotas.”
“Bem... a primeira pergunta é muito complexa. Não tenho como responder assim de uma vez. Quanto à segunda pergunta, você pode começar a fazer sucesso não fazendo perguntas como a primeira.”
O moleque arregalou os olhos e ajeitou os óculos, “Quê!?”
“Escuta, garoto, - em tom paternal – as garotas repudiam os CDFs , nerds, caxias e afins. Mude esse corte de cabelo, trate das espinhas e passe a interagir mais com os colegas populares que você verá os resultados. Caso contrário, você continuará fazendo alegria de seus pais apresentando um boletim impecável, mas continuará infeliz, menosprezado pelos colegas e ignorado pelas meninas.
César toupeira, como era chamado pelos colegas, deixou a sala perplexo, iria também denunciar o professor à coordenação.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Um bom carro vale mais que teu caráter

O carro é uma prótese peniana motorizada. De dentro do luxuoso utilitário, o dono se sente o mais dotado dos homens e acredita ser o líder da manada. O automóvel adentra o corpo e a consciência de algumas mulheres antes mesmo de o motorista fazê-lo. Para purgar as impurezas de sua personalidade, para maquiar a fealdade do seu caráter, passe na concessionária.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

A inveja está nos olhos de quem vê

Olho grande, olho gordo, mau-olhado, olho-de-secar-pimenteira, zói de maracanã... A inveja é cheia de apodos. Os olhos são os portais deste nefasto sentimento que ninguém gosta muito de admitir. Quando muito, amenizam toda carga negativa com a expressão "inveja branca". Se você reconhece a inveja, se você percebe os olhares glutões, pode estar certo de que seu olho não é magro, é igualmente obeso, ávido para sugar todo sucesso e bem-estar alheio.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Elogio é placebo pro ego

Quem desgosta de elogio? Mesmo um sujeito de autoestima vermiforme rastejante se rende em sorrisos ao ouvir um elogio. No entanto, deve-se ter cuidado com tais louvores. Muitos elogios são paraguaios, são estratagemas que escamoteiam segundas intenções. Quem é muito elogioso quer algo em troca, nem que seja uma paga em igual moeda. Confiar nesses aduladores de nossos egos é se deixar barbear por um maneta. E quem depende do elogio para escorar o ego claudicante se porta igual a um crackudo à cata do cristal satânico que o escraviza , convertendo-lhe o amor próprio em fumaça.

sábado, 14 de agosto de 2010

Ressignificar é preciso

Significante é o nome da coisa. Significado é a representação estável da coisa. 
JC, segundo consta no alfarrábio sagrado, fez seu primeiro milagre usando os referidos componetes do signo. O messias fez o líquido insípido virar vinho. Ressignificou geral, dando graça, cor, sabor e alegria aos festejos matrimoniais.
Bem que eu gostaria de ser capaz de feitos bem menos estupendos, limitados a ressignificações simbólicas e imateriais. Seria bom transformar um relacionamento terminado em uma amizade contínua. Em geral, a pessoa com quem um dia trocamos afeto é rebaixada à malquerença e ganha significantes depreciativos. Outras vezes vira um disk-trepada para nós e um "pau amigo" para as moças. Não conseguimos verter o namoro ou casamento acabado em outro tipo de apreço. 
Então, toda carga afetiva vira vinagre.

sábado, 7 de agosto de 2010

I wanna a Woman

Quero uma mulher com W maiúsculo.
Mulher que não fareje gasolina.
E que só queira de mim o cheiro de macho.
Que sua boca canhanha e vertical me seja glutona
Para que meu ípsilon se encaixe no aconchego de seu dábliu.
Formando assim um binário e único alfabeto.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

O Ronco do Rancor

Rancor é também sentimento. Não deve ser menosprezado só porque tem valor negativo. Não quero que meu rancor faça de mim um asmático crônico de peito congestionado, daqueles ressentidos que vivem ronronando as mágoas feito gato velho de armazém. Que meu rancor ronque como um motor, que me propulsione . Que meu rancor se dilua e não me seja autocomburente.

sexta-feira, 30 de julho de 2010

Dos adesivos, dos vidros, dos carros, das pessoas...

Manifestar publicamente nossos achismos, pensamentos e filosofemas de vida é atitude corajosa e louvável, além de ser artifício para alfinetar os desafetos. Há inúmeras maneiras de tornar pública nossa opinião. Este blog é uma delas. Outro exemplo são as inscrições que os proprietários grudam nos vidros dos automóveis: "Amigo é igual a sol só aparece quando o tempo está bom". A metáfora é tão rasa quanto uma piscina plástica, mas não é o conteúdo da mensagem que me interessa e sim o formato que o autor lhe deu. Em primeiro lugar o Astro Rei é único, por nossas bandas galáticas não existe outro Sol. Sendo assim,  a presença do artigo definido é indispensável (igual aO sol). Mais adiante o livre e anônimo pensador afirma que a estrela maior só aparece quando o tempo está bom, como se a aparição solar fosse uma consequência. O sol está sempre lá em cima, reinando absoluto. Portanto, sua aparição é condição de um "tempo bom". 
Como se vê, em tempos de escassa lealdade, o motorista-autor não teve amigo que lhe apontasse o equívoco lógico-linguístico. 

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Tabuísmo, tabu e preconceito

Por mais banalizado que esteja, o sexo ainda é considerado um tabu para alguns. As palavras e ações relacionadas a esse tema ganham muitos apelidos que em nada colaboram para o eufemismo, só embrutecem e vulgarizam aquilo de que todo mundo gosta. Esses significantes chulos que designam pênis, vagina e etc. são chamados tabuísmos.
Muito embora não esteja vinculado ao tema mencionado, o destilado nacional é alcunhado de diversos nomes, quase sempre depreciativos. Eu como um defensor aguerrido da bebida, fico por demais aborrecido. Amigos meus, que ostentam panças agigantadas pelo excesso de cerveja e tira-gosto, não me podem ver empunhar um copinho de "apaga-tristeza" que me chamam de pinguço e cachaceiro. Como se na aloirada e gélida dama não houvesse a devida percentagem de álcool. O que se passa é um tremendo dum preconceito com a brasileiríssima "cem-virtudes". O uísque, por ser das estranjas e bebida das elites, recebe o merecido respeito. Mas não podemos esquecer que qualquer pé-imundo que se preze guarda na prateleira uma garrafa de "velho oito" que passa longe do sabor do maltado escocês. Fica distante antes, durante e depois, pois a ressaca desse paraguaio dura oito dias. A "lágrima-de-virgem" é consumida por figurões tupiniquins além de fazer boa fama no exterior. Só o brasileiro-médio, muito medroso e agarrado a julgamentos equivocados, resiste em dar uma beiçada na "maria-meu-bem".
A "danadinha" tem também diferentes rótulos e procedências. Os preços podem variar de R$ 4,00 a R$300,00 (ou mais). Com a "fogosa" ordinária comprada no mercadinho, eu faço uma caipirinha ou um traçado. Uso da "ximbica" luxenta oriunda do alambiques afamados para beber antes do almoço, já que abre o apetite, e para degustar após a refeição para que a digestão se faça melhor. 
Os tantos chamamentos que minha "braquinha" recebe comprovam que:
1) Ela é adorada pelo Brasil afora;
2) Seu consumo sempre foi visto como tabu, daí tantos apelidos, tantos rodeios para designar o objeto.
Não quero me passar por dependente etílico. Meu discurso apaixonado se justifica pelo fascínio que a "molhadinha" exerce sobre mim. E não admito que a chamem de "marvada".
Saúde!

Tirânica Felicidade

A Santa Felicidade deixou de ser um direito e se tornou um dever. Aquele que não ostenta a tal felicidade é considerado um renegado, um fora-da-lei. Não posso ter menos dinheiro que você, não posso ter um carro inferior ao seu, não posso conquistar menos mulheres que você. Se assim for, terei de carregar uma cruz de chumbo. A procura por bem-estar e satisfação absolutos adoece muita gente porque é uma busca fadada ao fracasso. Não se pode esquecer que o tempo impossibilita a existência de qualquer estado permanente que não seja a morte e que todos nós temos o direito de sofrer e  de ser infelizes. Eu, muito particularmente, percebo a felicidade quando ela já partiu. Enquanto feliz eu sou, estou fazendo algo mais interessante do que me preocupar com ela.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Carioca mas nem tanto

O bairrismo é traço comum àqueles que tem amor pelo seu bairro, distrito ou cidade. Até certa medida, é muito compreensível ser bairrista. 
O "porém" do bairrismo saudável é a mania feia que os cariocas têm de falar mal de paulistas e da cidade da garoa; muitos dizem não gostar de São Paulo mesmo sem nunca lá ter pisado. 
Apontar o sotaque alheio como esquisitice é também uma fixação de certos cariocas. Quem tem sotaque é sempre o outro, nunca nós mesmos. Saudade do Mussum...O trapalhão soube bem enfatizar o nosso falar chiado, fazendo a gente sentir o quanto deve ser esquisito para um curitibano ouvir o "carioquês".
Outro costume que eu não tolero é o "vamos marcar..." O carioca adora dizer vamos isso, vamos aquilo para depois não confirmar, não desmarcar e, muitas vezes, furar. Tempos depois decide fazer visita sem ser convidado.
Sou muito mais moleque do brejo que menino do Rio.
Estou mais para cabra-macho do que para sujeito homem.
Mas se há algo que eu adoro em nosso povo é predisposição de trocar ideia com desconhecido no meio da rua, de dar informação com empenho e correção. Aí eu me identifico: Sou carioca mermo.

Escrever se aprende escrevendo

Sou muito melhor leitor que escritor. Já li muitos clássicos, já li romances alternativos e proibidos. Leio manual de instrução, leio as inscrições anônimas das paredes dos banheiros. Minha bagagem literária não se derrama sobre minha escrita por um motivo simples: Leitura é um processo; Escrita é outro. Prova dessa independência é a própria escola. Os alunos leem os paradidáticos, fincam os olhos nas cartilhas, queimam a vista nas semanas de prova e geralmente tornam-se produtores textuais deficientes.
Nunca soube de viv'alma que aprendeu a beijar observando atentamente  as tipologias de beijo. Não há notícia de manual publicado que ensine a "arte do beijo". Para se aprimorar qualquer habilidade, a prática é indispensável. Este texto, por exemplo, é cria de um leitor voraz, conhecedor das técnicas de redação, mais está muito mau escrito.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

A cojunção comparativa "Como" e seu poder enganador

Quem nunca escutou frases do tipo: Você é como um filho para mim!. A conjunção comparativa em questão é prenhe de sentidos; um deles é o de negação. Em outros termos, você é um filho hipotético, de mentirinha. Filho-fantasia não é filho.
A citada manifestação verbal de afeto dura até o momento em que a prática se faz urgente. Como por exemplo, a hora da partilha dos bens. Aí a negação travestida de igualdade revela sua carranca madrasta e a exaltada filiação ganha as cores da orfandade.

Chanbelly: Não provei e tive indigestão

Os homens se aborrecem quando cortejam e não levam pra cama. As mulheres se chateiam quando vão para cama e deixam de ser cortejadas. Por razões opostas, varões e varouas se sentem igualmente ultrajados.

Chambelly. Ela, em sua gôndola da baixada fluminense, acenou para o meu paladar com toda pompa de sua fruta, prometendo sabor e cremosidade. Descambei da zona norte para Mesquita para dar vazão ao meu apetite. Chegando lá, Chambelly se negou a saciar minha fome e, para elevar minha gula à condição de suplício, escolheu um consumidor mais antigo. Durante a viagem de volta, vim vomitando indignação e ressentimento no ouvido do taxista. O motorista confidente tentava em vão fazer uso do discurso antiácido:
"Marca com ela outro dia... Se lambuza e mete o pé!"
A moça com nome de sobremesa bem que abriu precedentes para a consumação de minha vingança. Achei melhor não levar à frente. De vítima passaria a algoz de um joguinho previsível e enfadonho que conheço bem e cujo prêmio já me empanzinou o espírito.

domingo, 18 de julho de 2010

Quando a inversão do sintagma faz toda a diferença III

A justiça praticamente obriga os supostos genitores a se submeterem ao exame genético comparativo. Forçar um indivíduo a ser  pai de papel é mole. Difícil é obrigá-lo a exercer o papel de pai.

sábado, 17 de julho de 2010

O Magistério é uma cachaça; mas se fosse um brandy não daria ressaca

No início dos anos de 1990, eu era um aluno dos mais endiabrados. Assassinava as aulas que julgava chatas para ir comer pastelão com fanta uva na lanchonete da esquina. Apontava para a barata que andava sobre a máquina de suco para chamar o garçom de porco. Saía correndo depois, é óbvio.
Dentro da escola, aprontava em todas as aulas; era advertido por diversos professores. Mas havia, em especial, um professor que aguçava minha indisciplina: O professor Tobias, que lecionava Artes Plásticas - desenho, para os leigos.
Tobias já me parecia com a idade adiantada, andava todo de branco e exalava a aguardente.Somado a isso, mestre Tobias era um tanto surdo. Ouvia tão bem quanto uma pedra. Muitas vezes eu gritava: "TOBIAS CACHAÇA!!!". E o professor nem atinava...
Em razão de minha pouca destreza com a matéria somada à minha preguiça imensa, eu sempre ficava em recuperação em Artes Plásticas. Numa dessas intermináveis aulas tardias, o mestre pinguço determinou um trabalho cujo o tema era livre. Em outras palavras, podia-se desenhar qualquer coisa.
Eu, blindado com minha revolta, peguei o lápis 6B e a borracha Sakura e dei início à minha obra de arte. Utilizando todas as técnicas ensinadas pelo etílico professor, desenhei uma garrafa de pinga que em seu rótulo trazia a seguinte inscrição: TOBIAS.
Entreguei o desenho com a certeza de que seria reprovado, advertido e suspenso até, mas a ideia de ofender Tobias em sua moral professoral era a grande recompensa.
O lente pegou o trabalho, avaliou com bastante atenção e deu o veredicto: "Bom!". Lá se foi meu trabalho para o mural dos desenhos premiados. Para minha perplexidade o professor não se sentiu ultrajado e ainda ganhei a aprovação como prêmio.
Atulamente, ainda encontro com o mestre pelos botecos do bairro. De cabeça branca, ainda se veste tal qual um médico e finge se lembrar de mim... Hoje sou solidário ao velho professor e compartilho do gosto pela água que passarinho não gosta de beber.

Direitos de Imagem

Meus raros e solidários leitores,
O burrico ancestral que atende pelo nome de Dicionário não quis mais ter sua imagem relacionada ao meu blog. Segundo o Equus asinus em questão, os registros desta página eram mutíssimo polêmicos e agressivos. Ele ainda alega preferir um emprego convencial, com carteira assinada e benefícios.
A égua Potyra da Macadâmia está estudando a hipótese de ceder suas imagens para este veículo.
Potyra é casada, dança em um programa de auditório e mora em um estábulo de Sepetiba.

Quando a inversão do sintagma faz toda a diferença II

Não é preciso ser douto em linguística para perceber que, se mudarmos a posição de uma palavra em um enunciado, podemos estabelecer novos sentidos.
Exs.: Boa professora # Professora boa
        Grande homem # Homem grande
É a partir deste raciocínio que estabeleço a distinção entre melhor amigo e amigo melhor.
melhor amigo é aquele sujeito que estabeleceu laços de amizade para com você há muito tempo. Você o conhece bem, sabe dos seus defeitos, das suas falhas, é testemunha de sua anônima história. Com ele, pode-se contar em todas as horas porque existe uma relação simbiótica tácita.
Já o amigo melhor veio a pouco. Não traz a bagagem de uma vida inteira, mas, para compensar, apresenta-lhe pessoas novas, conta outras histórias... Tudo a um preço afetivo módico.
O melhor amigo é denso;
Um amigo melhor é leve.
Melhor seria se pudéssemos transformar os amigos melhores em melhores amigos.

Quando a inversão do sintagma faz toda a diferença

Ao me deparar com 29 aniversários, fiquei muito assustado. Fiz meu inventário afetivo e constatei que acumulara namoros falidos e amores mumificados aos quais me dediquei por demais, esquecendo-me de investir tempo em ações afetivas mais duradouras e menos instáveis.
Não tenho sequer melhor amigo.
Estou à procura de amigos melhores.

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Orgia Pedagógica

Os Conselhos de Classe, [cóquis] para os íntimos, podem ser classificados como uma deprimente mixórdia. Tias tetecas, maus profissionais, mestres hipócritas, entusiastas, orientadores deitões, além da conhecida escumalha que povoa a educação, formam o caldeirão propício para o conselho de babel.
As pedagogas falam por diminutivos;
Os tacanhos, medrosos e inconpetentes se calam;
Os insatisfeitos vociferam;
Os vaidosos discursam saberes.
Mas no fim ninguém se entende e a reunião chancela o  triste continuísmo da incomunicação. Somente a miséria comprovada pelos contra-cheques tem unânime compreensão.
Chamar conselho de classe de orgia é ignorar a objetividade e a satisfação que caracterizam uma boa surubada.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Janete quis casar

Aflita por casamento, "Neti" apelou para todo tipo de estratagema.
Recorreu à venérea simpatia.
Enquanto o príncipe Ficante dormia o sono de um corpo saciado,
Janete muniu-se de uma tesourinha e cortou basto tufo  dos pentelhos escrotais.
E para sacramentar o herético feitiço,
Colou os fios pubianos no rosto do santo casamenteiro para um marido conseguir.
Santo Antônio, iracundo, jogou o moleque Jesus para o alto.
Ávido por recuperar seu rosto imberbe,
Fez do príncipe Ficante um marido batráquio.
Janete apanha de quando em vez,
Janete é objeto do coito de vez em quando.
Ela segue muito devota.
Ao menos pode levar a mão espalmada sobre o seio
E gritar a quem quiser e não quiser ouvir:
"EU TENHO MARIDO!!!"

A escultura de louça

A hipocrisia é a escultura sanitária que cobre uma babilônia de merda.
Em certa medida é tão necessária quanto o trono privado.
O vaso torna o ato de defecar algo mais elevado.
Apertamos a descarga e nos livramos dos dejetos indesejados.
Já nossa dissimulação eleva as verdades intragáveis à condição de mentiras toleráveis.


Houve um tempo em que você só dizia a verdade e dava tchau pro cocô.

"Master dave" ensina o conceito de coerência

Mensalidade: R$ 445,00
Mochila: R$ 170, 00
"Merenda": R$ 5,00.
Zoar na aula de Português: não tem preço.



PS - Ser reprovado custa muito caro para o aluno e para os pais.
.

tapa-sexo bimestral

A pudicícia pedagógica muito agrada a pais e responsáveis ávidos por desempenho numérico. Mas eles não sabem que nota é como biquíni: esconde apenas o essencial.

quarta-feira, 14 de julho de 2010

O dia que pensei em um antônimo para "ciúme"

Estava eu no sarau suburbano à espera de minha ficante;
quando ela me surgiu com um homúnculo à tiracolo.
Na intenção de tocar o terror em minha exclusividade.
Foi então que me nasceu um sentimento inédito,
que batizei desciúme.

Naty usa cona

Natycleya faz uso de conacyd.
Não gosta do olor que se desprende de sua bolsinha cravejada de falsos brilhantes. Mas bem sabe que o bodum que lhe sinaliza a emergência  do banho, é o mesmo cheiro que chamarisca os machos.
Fragância sedutora para davids, robertinhos e tantos outros sátiros famintos por baby beef
A garota conacyd hipoteca o próprio corpo.
Capciosa, é convidada para jantares, cinemas e recebe flores.
Seduzir é prometer sem garantir, enquanto o outro, sôfrego, assina a página em branco.
Todos os caras sabem disso.
O que eles não sabem é que
Natycleya faz uso de conacyd.

Re-Globo

Pra você que gosta de falar mal da Globo, fique sabendo que a concorrente deveria receber a alcunha de Re-GLOBO.

A quem interessar possa

Dona *****,
Teu pensamento é pura excrescência. A massa encefálica que guardas em sua jabulani mal-formada é morada de tapurus de fescenino paladar. Teu hálito é nauseabundo porque materializa ideias purulentas. Aquele que um dia fora aluno teu sofreu diarreia psicológica e morreu de revertério espiritual.
Assinado teu fiel e indissolúvel companheiro:

FEDOR





O caráter já nasceu capado

A letra H é o única que é realmente muda em nosso Português. Ela é apêndice, grafema vestiginal. Só figura nas palavras por herança advinda das línguas-avós - cuja a pronúncia do agá era aspirada, mais ou menos como no inglês horse -, mas que hoje só faz figuração e é acompanhate de certas letras para com elas formar os dígrafos (lH /cH/nH).
O H é, portanto, letra da aparência que, quando principia uma palavra, constitui uma imagem oca, destituída de qualquer som.
Para contrariar a desimportância da oitava letra do alfabeto, ouve-se do talentoso Matogrosso e dos varões que querem ilibar suas machesas: "Sou homem com H!".
Não.  Admito que estou forçando a barra.
A verdade é que os machos falantes substituíram o título do poema-canção pela seguinte frase: "Sou sujeito homem!" O sintagma-pênis é proferido sempre que o suposto machão quer confirmar sua coragem, sua varonice, sua retidão e a consistência de seu ereto e reto caráter.
Ouvi o sintagma fálico de um sujeito para quem trabalhei e demorei para ver a cor da remuneração. Até hoje, passada uma trinca de meses, o sujeito composto por três núcleos (uma sociedade de tratantes) ainda me deve R$ 150,00. Quando protestei contra o calote travestido de atraso, o sujeito repimpou e berrou ao telefone: "Sou sujeito HOMEM!". Como se ser Homem, ou melhor, como se o fato de ter uma cauda entre as pernas salvaguardasse a incolumidade da exaltada hombridade.
Para tais arquétipos de pretensa virilidade eu digo:
"Homossexual" também se inicia por "H".
Clóvis Bornay também era homem .
Caráter não tem pinguelo.
Teu caráter mede 1cm.

terça-feira, 13 de julho de 2010

Toda a discussão infrutífera descamba pra baixaria

Então disse o gramático:
"Os monossílabos tônicos que são terminados em 'U' não recebem acento gráfico. Quem grafa acento em tais vocábulos despetala a última flor do lácio"
Retorquiu então o linguista recém-formado na Faculdade da Ladeira:
"Apodere-se do acento e enfie no CÚ"