sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Festas Infantis

Uma pungente marca suburbana é a franca disposição para promover festejos infantis. As comemorações natalícias seguem anualmente até que menino se verta em rapazola e menina se torne ninfeta. Então eles dão um basta e ganham a soltura da rua. Fui convidado para o aniversário do filho de um antigo amigo. O quadro corriqueiro: Mais adultos que crianças, muita cerveja, frituras mil, músicas infantis que estupram nossos ouvidos e a molecada se divertindo no pula-pula e na piscina de bolas. Em meio ao agito a mãe gritava ao aniversariante: "Não corre, menino! Vai ficar todo sujo!" O moleque fantasiado de vasco já estava banhado de suor. O uniforme cruz-maltino apresentava manchas várias, fazendo lembrar o couro de um dálmata. 
Para aplacar a chateação, bebi muitos copos da cerveja snow, a cerveja que desce gelando. Suco de cevada da pior espécie esse. Nem gelado estava. Escumava feito baba de camelo quando derrubada no copo... No cume da onda etílica, comecei a ter terríveis visões: desceram um judas, um boneco gigante com a camisa rubro-negra com o nome "Zico" e o número 10. A molecada, incontrolável, partiu pra cima do galinho de pano na esperança de apanhar as guloseimas que serviam de estofo. As crianças, independente do time para qual torciam, divertiam-se deveras. Mas os adultos principiaram um desentendimento. Um sujeito gorducho, muito inflado pela soberba comum aos flamenguistas, começou a manifestar a megalomania. Ofendeu o brio do botafoguense mais próximo: "O melhor que o botinha conseguiu foi tomar o lugar de vice do vasco!" O saudoso dos tempos do Túlio Maravilha devolveu: "Molambo!". E feito crianças, os dois homens se atracaram, rolaram no chão para o desespero de suas esposas e demais convidados. Fui-me embora antes dos Parabéns. Esperar a partilha do bolo seria o mesmo que dividir a falta de bom-senso.

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